Problemas cardíacos crescem com o aumento da poluição.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), grande parte dos não-fumantes que vivem em São Paulo apresentam o pulmão tão comprometido quanto o de tabagistas. A causa seria a poluição ambiental na cidade, que se tornou um fator de risco para os eventos cardíacos da mesma forma que o fumo, a obesidade e o excesso de colesterol no sangue.
De acordo com o presidente da SBC, Antônio Carlos Palandri Chagas, o coração mata 300 mil brasileiros por ano. "Para nós, médicos, é tão importante combater as queimadas na Amazônia e preservar a qualidade da água dos mananciais, como controlar os níveis de poluição nas grandes cidades", afirmou o especialista no Fórum de Discussão sobre as Doenças Cardiovasculares e o Meio Ambiente, realizado este mês em São Paulo.
No evento, foram apresentados os resultados de uma pesquisa feita pelos cardiologistas com 228 voluntários no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Os especialistas usaram um equipamento no qual os voluntários sopram o ar do pulmão, e o aparelho mede o índice de monóxido de carbono na hemoglobina. E os resultados indicaram que a poluição do ar pode ser tão perigosa quanto o cigarro é para os fumantes – apenas 20% dos não-fumantes apresentaram resultado negativo para a presença de monóxido de carbono nas hemoglobinas, ou seja, um pulmão completamente limpo.
Os resultados da pesquisa acompanham os dados de hospitais da cidade, cujos Prontos Socorros registram sensível aumento do número de atendimentos por problemas cardíacos nos dias do inverno em que se atinge picos de poluição atmosférica. Por isso, os cardiologistas defendem uma maior atenção do ministro da Saúde para a poluição ambiental, considerando-a como um fator de risco para doenças cardíacas e pulmonares, assim como a hipertensão, o sedentarismo e o estresse.
Fernando Fischer
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