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Alô queridos!!!

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sábado, 18 de setembro de 2010

Liberte-se!

No início da década de 60 alguns cientistas realizaram experiências com animais para tentar determinar algo a respeito do instinto de defesa e fuga nos seres humanos. Em uma das experiências, eles eletrificaram a metade direita de uma grande jaula, de modo que um cão preso nela recebesse um choque cada vez que ali pisasse

O cão aprendeu rapidamente a permanecer no lado esquerdo da jaula. Em seguida, a mesma instalação foi passada para o lado esquerdo da jaula e o cão logo reorientou, aprendendo a ficar do lodo sem choques. A partir disso, os cientistas prepararam todo o chão, de modo que, onde quer que o cão estivesse, ele acabaria levando um choque. Inicialmente o animal demonstrou estar confuso e depois entrou em pânico. Finalmente, desistiu e se deitou, aceitando os choques. Depois, a jaula foi aberta. Esperava-se que o cão saísse correndo, mas ele não saiu. Embora pudesse abandonar a jaula quando bem entendesse, ele ficou ali recebendo os choques.
O que quero mostrar através desta experiência é que nós, seres humanos, agimos assim com freqüência. Nos permitimos levar choques, entramos ou permanecemos em situações e/ou relações destrutivas, castradoras, acumulando mágoas e traumas até um ponto que não sabemos mais diferenciar o que faz bem do que não faz. Nos adaptamos as mais diferentes formas de violência, seja física ou emocional. Porém, não podemos permanecer neste estado, perdendo nosso poder de defesa e de luta, deixando de buscar o que acreditamos e valorizamos.
Entramos em relações destrutivas na ânsia de compensar perdas e rejeições anteriores. Sem discernimento, nos deixamos envolver nestas situações porque a princípio parecem nos fazer felizes ou assim queremos acreditar, e não resistimos. Nos deixamos seduzir, mesmo quando algo nos diz para dizer não, talvez muito mais por uma ilusão, idealização ou carência, do que pela própria realidade. Quando realmente conseguimos perceber, já estamos envolvidos com pessoas e situações que nos machucam e nos impedem de crescermos.
Em função da própria carência ou em decorrência da busca de uma vida feliz, há pessoas que se tornam vulneráveis e se deixam envolver com certa facilidade. Se algo ou alguém nos dá a impressão que irá preencher um vazio, nos agarramos sem questionar. Em virtude do cansaço de tanto nos defendermos ou da perda das defesas psicológicas, acabamos por ceder.
Seja em relacionamentos infelizes na vida afetiva, quanto na vida familiar, pessoal, profissional, social, é muito difícil libertar-se da dependência depois que a deixamos instalar. Não é fácil perceber e aceitar que muitas vezes nos tornamos acomodados e dependentes até do que nos faz mal. Importante: não falo aqui da dependência financeira, mas principalmente da emocional. Quando permitimos ser privados de nossa saúde mental e de nossos próprios instintos, não é fácil o caminho de retorno, como o cão que não mais percebe que a porta da jaula eletrificada está aberta. Isto por que a tomada de consciência da dependência é um processo psicológico dolorido, como se o conhecimento das causas doesse mais que o sofrimento.
Quando desvalorizam tudo o que fazemos ou criamos, seja o que for, é como se jogassem no lixo nosso 'eu' mais verdadeiro. Neste caso, a pessoa cai num tipo de indiferença consigo mesma, porque perde o auto-respeito, a confiança e a capacidade de se amar, como se passasse a se punir por ter permitido que o outro rompesse suas barreiras mais caras e ultrapasse os limites da sua individualidade. Nos perdemos não só porque os outros não respeitam nossos limites, vontades e desejos, mas principalmente porque nós próprios não os respeitamos. Mesmo machucados, dilacerados em nossos sentimentos mais íntimos, insistimos em manter a situação. Abaixamos nossa cabeça, calamos nossas vozes, fechamos nossos olhos e acreditamos estar vivendo. Viver? Como viver sem alegria, sem crescimento, sem transformação, afastados de tudo o que nos é importante?
Quando alguém é conduzido pelos valores dos outros por muito tempo, fecha-se num mundo sem cor, deixa-se aniquilar, anular, morrer internamente. As escolhas destrutivas machucam, nos fazem sentir no fundo do poço, mas também podem nos fazer aprender e crescer, desde que estejamos prontos a reconhecer os erros e a reagir. Isto ocorre quando não mais conseguimos suportar, e ao olharmos à nossa volta, questionamos o que fizemos com nossa vida.
Que direito temos de nos destruir ou permitir que o outro o faça? Se a pessoa percebe isso, reúne forças para recolher os pedaços que sobraram, cuidar dos ferimentos e recomeçar a vida. Ela entende que ainda que um episódio represente um desastre, há outros episódios à sua espera, outras oportunidades de acertar, outros caminhos a tomar, apesar do medo que fica como seqüela.
Nosso o eu interior, o self, insiste sempre para que nos salvemos, mesmo quando nos escondemos na perda da vontade de viver. Ainda que por sonhos ou mensagens, ele faz com que nos conscientizemos de nosso valor, para que possamos resgatar a nós próprios. À medida que recuperamos nossos instintos, o self, nossa própria vida, poderemos falar a nossa própria fala, ouvir a nossa própria voz, enxergar com nossos próprios olhos, sem nos deixar cair em armadilhas, ilusões e sofrimentos, mas acreditar que somos capazes de reconstruir e retomar o próprio caminho, abrindo as portas com nossas próprias chaves, para que ninguém nos deixe do lado de fora e nem trancado do lado de dentro.
Quantas vezes você não pediu para abrirem a porta para que você entrasse, mesmo sabendo que seria maltratado? Mas mesmo assim você entrou, talvez por ser a única porta que se abria... Ou quantas vezes você não permaneceu no mesmo lugar que era maltratado, mesmo com as portas abertas?... E lá ficou, mesmo sabendo que este não seria o seu lugar. Afinal, qual é mesmo o seu lugar?

Coluna assinada por: Rosemeire Zago
Psicóloga clínicacom abordagem jungiana.
Desenvolve auto conhecimento e ministra palestras motivacionais.
Cyber Diet

domingo, 12 de setembro de 2010

Para psicólogos, caso Bruno ilustra falta de limites comum em celebridades do esporte

Alessandra Corrêa
Da BBC Brasil em Washington
Para especialistas, isolamento pode contribuir para abusos
O escândalo envolvendo o goleiro Bruno Fernandes, do Flamengo, preso nesta semana sob suspeita de participação no desaparecimento da ex-amante Eliza Samudio, chamou a atenção para abusos cometidos por diversas celebridades esportivas, segundo especialistas em psicologia do esporte.
“É uma pena o final de uma carreira tão brilhante”, diz o presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte, João Ricardo Cozac.
“A linha que une todos os casos de escândalos envolvendo celebridades do esporte, no mundo inteiro, é uma pseudo-idealização que esses atletas têm de si mesmos”, afirma o psicólogo.
“A ideia de que podem tudo, como se estivessem acima de qualquer suspeita, de qualquer crítica, de qualquer julgamento, que está ligada a uma inadequação social”, diz Cozac.
“Como se não tivessem noção de limites, de até onde podem ir.”
Origem e infância
Segundo Cozac, no Brasil é comum que atletas e celebridades em geral tenham origem humilde e acabem enfrentando dificuldades para se adaptar a uma mudança brusca de status social e econômico.
“Eles vão se isolando cada vez mais de um mundo social e de uma realidade saudável”, diz Cozac. “Usam o dinheiro para conseguir tudo o que querem, não precisam fazer nada.”
O isolamento é apontado por especialistas como uma característica comum em atletas e outras celebridades, e não apenas nos casos que envolvem esportistas e artistas com origem em classes sociais mais baixas.
“Eles têm vidas solitárias”, diz a psicóloga americana Yolanda Bruce Brooks, fundadora do instituto The Sports Life Transitions, especializado no trabalho com atletas e equipes.
“Desde a infância, as pessoas começam a tratá-los de maneira diferente, a fazer exceções”, afirma Brooks, que há mais de 20 anos trabalha com atletas dos mais variados esportes e suas famílias.
Com o tempo, diz Brooks, muitos acabam com a impressão de que não precisam seguir as mesmas regras aplicadas ao resto da sociedade.
Referências
Outro ponto em comum associado a atletas envolvidos em escândalos é uma infância sem referências afetivas.
Bruno foi criado pela avó, na periferia de Belo Horizonte. O pugilista americano Mike Tyson, que ao longo de sua carreira protagonizou vários escândalos e chegou a ser preso por estupro, foi abandonado pelo pai aos dois anos de idade.
“Muitos têm histórias familiares complexas, de abandono, de falta de modelos femininos. Têm lacunas no desenvolvimento emocional”, diz Cozac.
No entanto, nem todos se encaixam nesse modelo.
“Kobe Bryant, por exemplo, teve uma figura paterna bem presente”, diz Brooks, referindo-se ao astro do basquete americano, filho de um ex-jogador e treinador, que já enfrentou uma acusação de estupro.
Segundo a psicóloga americana, ao viver suas vidas em público o tempo todo, essas celebridades acabam sofrendo também um impacto maior quando cometem algum erro.
“Mas eles sabem que vivem suas vidas em público e, consequentemente, estão sujeitos a isso”, diz Brooks. “São pessoas como nós, às vezes cometem erros de julgamento. Mas devem ser responsabilizados por seus erros.”

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