Embora a receita pareça simples, na prática a situação é bem mais complicada. A dificuldade se deve ao fato da relação com a comida ser sempre investida de sentimentos que podem dificultar o rompimento com antigos hábitos alimentares. Por tratar destas questões emocionais, a psicoterapia pode ser uma ferramenta muito útil na luta contra a obesidade.
“Não são raros os casos de mães que preparam refeições altamente calóricas para premiar um bom filho, ou o privam de comida quando se comporta mal”Muitas são as situações em que o atendimento psicológico se faz indicado e não seria possível mencionar todas elas neste pequeno espaço. Abaixo descreverei alguns problemas emocionais que freqüentemente prejudicam a perda de peso e que podem ser tratados em psicoterapia:
1. Obesidade como conseqüência do ambiente familiar: em muitas famílias o alimento é usado para punir ou recompensar os indivíduos por suas ações. Não são raros os casos de mães que preparam refeições altamente calóricas para premiar um bom filho, ou o privam de comida quando se comporta mal (note que o alimento é usado como sinônimo de amor). Estas relações fazem com que muitos indivíduos adultos tenham dificuldade de aceitar a diminuição da ingestão de alimentos, tornando-se incapazes de seguir um plano de reeducação alimentar, sem que antes tratem esta dificuldade emocional.
2. O alimento como principal fonte de prazer e consolo: muitos são os casos de pessoas que sentem-se pouco satisfeitas em seus relacionamentos (familiares, amorosos, amizades) e não se realizam em suas atividades cotidianas. Para estas pessoas, a comida pode se tornar uma grande amiga: aquela que as consola nos momentos de tristeza e as acompanha nas horas de alegria. O alimento passa a ser a maior fonte de prazer e, desta forma, a obesidade se instala. Neste caso, não bastam recomendações alimentares; é necessário tratar o problema psicológico para que o emagrecimento possa ocorrer.
3. A obesidade como forma de tornar o corpo menos atraente: o amadurecimento emocional do ser humano passa pela aceitação do corpo sexualmente maduro. Entretanto, muitas pessoas tem dificuldade de lidar com esta transição do corpo infantil para o corpo adulto e acabam utilizando a obesidade com forma de esconder as mudanças. A camada de gordura passa a servir como uma defesa que protege a pessoa de se mostrar sexualmente atraente, evitando, assim, os sentimentos de insegurança e ansiedade que esta situação pode gerar. Para estes indivíduos, o emagrecimento é encarado como uma ameaça que lhes roubaria as defesas e isto os leva e a permanecerem eternamente na condição de obesos. Tratar estas dificuldades é um passo fundamental para que a perda de peso seja vista de forma positiva.
Para todos os casos aqui descritos a psicoterapia é o tratamento recomendado. Neste processo o indivíduo torna-se capaz de analisar e refletir sobre as questões que prejudicam a perda de peso e se prepara para superar estes obstáculos. Com o caminho desobstruído fica bem mais fácil seguir os planos de emagrecimento e atingir o objetivo esperado!
Por: Flávia Leão Fernandes
CRP 06/68043
Psicóloga clínica, Mestre em Psicologia pela Universidade de Londres, Inglaterra e especialista em Psicologia Hospitalar
com enfoque em obesidade.
Cyber Diet
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